Pensamentos que vão e que vem.
Vozes que não me deixam dormir.
Desejaria no deserto viver;
Apenas as areias o céu e eu;
Correr durante o dia, sem direção,
E na noite, parado, inerte apreciar a paisagem na vastão escuridão.
Longe do deserto o que eu vejo são luzes,
Aquelas que ofuscam meu olhar,
Que me cegam.
"Selva de pedras!" Já disseram um dia;
Morada do mais feroz animal,
Aquele que sempre na esperança de satisfazer seu desejo,
Caça, seja noite ou seja dia; Não importa.
Tento me afastar;
Buscar aquele deserto, com minhas areias lisas e meu céu infinito.
Longe eles estão agora...
A febre que me acomete, traz consigo a Loucura.
Agora perdido no labirinto mais simples,
Onde a palavra NÃO indica a saida,
Onde apenas um corredor, estreito, de paredes finas e lisas, me separam da Solidão.
Solidão que dilacera o coração dos fracos e sem juizo.
Atordoado, mas conciente, venço o simples labirinto, venço a temida Solidão.
Mas ainda não posso receber condecorações ou meritos;
Não posso comemorar;
É necessario - vital, eu diria- lutar com o mais terrivel dos terriveis;
O AMOR;
Este quando te envolve, com seus enormes tentaculos, te leva ao fracasso;
Se ele te pegar, se ele dominar você;
Esqueça! Nunca mais sairá do mundo ilusorio e fantasioso para onde os fracos são arrastados.
Bem ali, à beira da porta ele me aguarda;
Eu posso ve-lo, com suas garras imensas.
Qual a melhor estrategia para enfrenta-lo?
Já me esgotaram as alternativas.
Nada pode vence-lo.
Então volto as costas. Faço o caminho de volta;
Entrego-me, rendido à Solidão;
Pois bem sei, que é melhor viver com a Solidão;
Do que iludido eternamente no mundo imaginario, fantasioso e falso do AMOR.
Sávio Sales