segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Eu sei


Por muitos anos eu permaneci calado, observando.
Passei por muitos obstaculos, não me sujeitei a conspirações.
Defini minhas metas, persegui meu inimigos ate que eles não existissem mais.
Eu vi o por-do-sol e a alvorada muitas e muitas vezes.
Eu senti o frio da noite. 
A chuva já lavou o meu rosto.
Convivi com ladrões, prostitutas e drogados.
Já estive em palacios e tambem no barraco do favelado.
As pessoas queriam direcionar a minha vida, mas eu sempre estive no controle.
Eu sabia por onde andar.
Ate que um dia resolvi falar, expor minha opinião.
Eu não deveria mais me calar, eu não tinha esse direito.
Agora me chamam de louco porque não acredito em certos conceitos,
Em certas palavras.
Mas, o horizonte nunca me impressinou.
Eu vou avante, não para o alto, mas em frente.
De olhos atentos, em cima e abaixo.
Eu conheço meu objetivo, eu sei o que eu quero, eu sem onde eu vou.
Eu vejo meu mundo, eu sei o que as coisas significam.
Não tentem me fazer de idiota, isso eu já fui.
Não tentem colocar palavras onde eu não as coloquei.
Vocês não entenderiam. 
Deixem-me aqui com as minhas loucuras,
Fiquem com vossas ilusões.


Sávio Sales

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

"Não iremos embora" por Tawfic Zayyad*


Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em vossas goelas
Como cacos de vidro
Imperturbáveis
E em vossos olhos
Como uma tempestade de fogo
Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em lavar os pratos em vossas casas
Em encher os copos dos senhores
Em esfregar os ladrilhos das cozinhas pretas
Para arrancar
A comida de nossos filhos
De vossas presas azuis
Aqui sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Famintos
Nus
Provocadores
Declamando poemas
Somos os guardiões da sombra
Das laranjeiras e das oliveiras
Semeamos as idéias como o fermento na massa
Nossos nervos são de gelo
Mas nossos corações vomitam fogo
Quando tivermos sede
Espremeremos as pedras
E comeremos terra
Quando estivermos famintos
Mas não iremos embora
E não seremos avarentos com nosso sangue
Aqui
Temos um passado
E um presente
Aqui
Está nosso futuro


*Tawfic Zayyad, palestino de Nazaré, é considerado um pioneiro da poesia de resistência. A maior parte de sua obra foi escrita na prisão.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sem titulo


Novas canetas escrevem em papel antigo.
Novos pensamentos atormentam a mente;
Que insaciável busca pelo conhecimento.
Coincidencia perturbante.
Acaso impensavel desfeito pela soncronicidade.
Buscarei mais informações sobre tal conhecimento;
Obscuro ate o momento.
Sem influencias, eu espero e quero concluir os fundamentos que caibam 
Somente a esse ser pensante;
Na realidade que é a totalidade do possivel, 
Ve-las no mundo.


Sávio Sales



terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Minha Janela


De onde recebo a luz matinal. Por onde entra o sopro do vento. Minha janela sem cortina. Aberta durante quase todo tempo. Onde secam as toalhas. Por onde sai meus pensamentos.
Minha janela se fecha com a chuva. Meu quarto fica escuro, as toalhas não secam, os pensamentos ficam, o tempo não passa, o sono não vem.
Atraves da minha janela vejo a noite  e minha mente a vagar, buscando perdidamente e nunca encontrar.
Minha historia descrita em papeis, perdido e encontrados; alguns foram rasgados, outros doados e outros mais, perdidos em cinzas que o fogo consumiu e o vento assoprou.
Por quantas janelas a lua surgiu, por um instante e depois foi-se como pó em dia tempestuoso?
Aquela janela imovel que tudo vê passar : angustias e alegrias, loucuras e mente vazia. Essa janela, a minha janela sempre estará no mesmo lugar e meus pensamentos outra janela poderá encontrar.
Minha janela, meus papeis, minha caneta, minhas ideias, meus sonhos, todos eles não posso levar. A janela deve ficar e observar as loucuras de minhas ideias. Enquanto minha caneta aos papeis tenta reportar os sonhos que se vão a cada acordar. 

Sávio Sales em 11/01/2012

sábado, 31 de dezembro de 2011

Algo sobre AMOR e Felicidade


As consequencias das minhas ideias, sobre AMOR e FELICIDADE já causam efeitos, mesmo sendo apenas ideias ainda mal fundamentadas. Talvez, não os efeitos que eu imaginava.
É verdade que estar afogado em seus desejos e sentimentos ilusorios não partem do mesmo presuposto que eu. Elas não conhecem, ( as pessoas que desejosas de prazer e amores), o celebre ensinamento kantiano : " (...) agir conforme a maxima que a determina", é o que define o sujeito como Moral/Ético ?
Talvez tudo isso que escrevo, o que escrevi e o que ainda escreverei não alcance a sua verdadeira finalidade: fazer com que caia as vendas dos olhos daqueles que são conduzidos apenas pelos Desejos e escondem a Razão no mais fundo calabouço.
É inevitavel  o uso da parte sensivel. Mas isso não significa que as sensibilidades são guias de nossas ações.
Não há, nesse mundo, ações ou resultados que conceituem " Felicidade" ou "Sujeitos Felizes" sendo por isso que exclui tal palavra do meu vocabulario. Ate que, por demontração, provem o contrario, não mais a pronunciarei em forma de discurso.

Sávio Sales em 26/09/2011

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A Lei



Maldita Lei de Murphy. Quando penso que os problemas acabaram, logo que surge nova "fornada".
Quanto tempo terei para resolve-los; Quanto ainda terei de suar a camisa para que tudo isso acabe de um vez por todas?
Acreditem se quizer e não se iludam, alegria dura pouco e não significa felicidade. Nada dura o bastante. Sempre buscamos mais ou algo que substitua o que não obtivemos ( existe um problema na argumentação, mas é ficticio e não é relevante). 
Quando é que estou sonhando? Quando imagino estar dormindo ou quando penso que estou acordado. Grandes problemas ainda enfrentarei. Muitas barreiras tenho para vencer.


Sávio Sales

"As leis são como as teias de aranha que apanham os pequenos insectos e são rasgadas pelos grandes." (Sólon)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Carteira de Identidade


Registra-me
sou árabe
o número de minha identidade é cinquenta mil
tenho oito filhos
e o nono... virá logo depois do verâo
vais te irritar por acaso?

registra-me

sou árabe
trabalho com meus companheiros de luta
em uma pedreira
tenho oito filhos
arranco das pedras
o pão, as roupas, os cadernos
e não venho mendigar em tua porta
e não me dobro
diante das lajes de teu umbral
vais te irritar por acaso?
registra-me
sou árabe
meu nome é muito comum
e sou paciente
em um país que ferve de cólera
minhas raízes...
fixadas antes do nascimento dos tempos
antes da eclosão dos séculos
antes dos ciprestes e oliveiras
antes do crescimento vegetal
meu pai... da família do arado
e não dos senhores do Nujub
e meu avô era camponês
sem árvore genealógica
minha casa
uma cabana de guarda
de canas e ramagens
satisfeito com minha condição
meu nome é muito comum
registra-me
sou árabe
cabelos...negros
olhos...castanhos
sinais particulares
um kuffah e uma faixa na cabeça
as palmas ásperas como rochas
arranharam as mãos que estreitam
e amoi acima de tudo
o azeite de oliva e o tomilho

(...)

Mahmud Darwich

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